Assessor do gabinete da Saúde de AL é apontado como braço operacional de suposto esquema milionário
Postado em 18 de Dezembro de 2025 ás 16:06
Investigação na Saúde
O assessor do gabinete da Saúde de Alagoas Luiz Dantas é apontado como braço operacional de suposto esquema milionário de recursos da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau). A investigação faz parte de uma operação deflagrada na terça-feira (16), que apura irregularidades com possível movimentação de cerca de R$ 100 milhões.
Segundo documentos obtidos com exclusividade pela TV Asa Branca, as investigações começaram após uma denúncia anônima, que indicou nomes dos supostos envolvidos e revelou a existência de uma rede de corrupção dentro da secretaria. De acordo com a Polícia Federal, o denunciante relatou o transporte de grandes quantias de dinheiro em espécie, supostamente provenientes do esquema.
Ainda conforme a PF, Luiz Dantas também seria responsável pelo transporte de valores e pela execução das ordens do grupo investigado.
Outro nome citado é o de Andréia Araújo Cavalcante, apontada como suposta amante do secretário afastado Gustavo Pontes de Miranda, indicado como líder do esquema. Segundo a PF, ela seria uma das responsáveis pelo transporte do dinheiro. Andréia ocupa cargo em comissão na Assembleia Legislativa de Alagoas e, segundo a investigação, apresentaria padrão de vida incompatível com a renda.
Ela teria recebido um PIX de R$ 50 mil, pago por Reinaldo Fernandes Júnior, médico ortopedista e sócio-administrador do Núcleo de Ortopedia e Traumatologia (NOT), empresa alvo da operação, localizada no bairro da Gruta, em Maceió.
NOT passou a integrar Mais Saúde Especialidade
Segundo as investigações, Gustavo Pontes de Miranda foi sócio de Reinaldo Fernandes até junho de 2023. Um mês antes, a empresa passou a integrar o programa Mais Saúde Especialidade, após autorização do então secretário, mesmo sem apresentar toda a documentação exigida. A PF afirma que a empresa continuou atendendo o programa em condições consideradas precárias.
Os investigadores destacam que o pagamento via PIX coincidiu com o início dos repasses da Sesau à empresa NOT. A reportagem tentou contato com o médico Reinaldo Fernandes na sede da empresa, mas ele não foi encontrado.
A operação cumpriu mandados de busca e apreensão em Alagoas, Brasília e Pernambuco. Foram apreendidos cerca de R$ 900 mil em dinheiro em espécie, além de dólares, euros, joias e armas.
Em nota, o Governo de Alagoas informou que acatou a decisão judicial que determinou o afastamento de Gustavo Pontes de Miranda do cargo. Emmanuel Vitor Duarte, gerente de licitação da Sesau, assumiu a secretaria. O governo também informou que criou uma comissão especial para acompanhar as investigações.
Gustavo Pontes de Miranda negou irregularidades e criticou a atuação da Polícia Federal. A reportagem segue tentando contato com as defesas de Luiz Dantas, Reinaldo Fernandes e Andréia Araújo Cavalcante.
Operação Estágio IV
A Operação Estágio IV apura lavagem de dinheiro e desvio de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) em Alagoas. A investigação aponta desvio que somam quase R$100 milhões e cumpriu 38 mandados de busca e apreensão, assim como o afastamento por 180 dias do secretário de Saúde do estado.
Conforme a PF, a investigação aponta irregularidades em contratos emergenciais e ressarcimentos fraudulentos envolvendo ao SUS e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), empresas privadas e agentes públicos.
Todas as ordens foram expedidas pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), que também determinou o sequestro de bens dos investigados, como veículos e imóveis de alto valor.